domingo, 21 de junho de 2015

Amantes


Amar é sempre bom
E não há porque não amar,
Não há porque não se deixar levar
Nas correntezas vorazes
De paixões implacáveis
Que se animam.
É sem razão aquele que não ama
E se nega aos truques 
De amantes, meninos e meninas,
Que não mergulha um pouco
Nas águas indomáveis
De amores inflamáveis
Que se agitam.
O amor de carne
Que coagula na pele.
O amor de praxe
Que se come e que se bebe.
Não há porque
Não se deixar ser comido
E de um trago ser bebido
Em sínteses de derme.
Não convém
Chorar solidão
Se do amor se nega o pão
E seu saciar fomes e sedes.
É bom deixar se envenenar se ele for veneno,
É bom deixar realizar se ele for intento
E variar um pouco os olhos,
Deixar que eles brilhem
Colorindo passarinhos, estrelinhas
O céu inteiro.
Convém permitir que o sangue entre em efusão
E que a confusão das coisas tome vida
Até reter-se em reencontro íntimo
Em meio bocas convulsantes 
E mãos de adrenalina.
Urgente é deixar que nos sorvam como vinho
E que se embriaguem de todo dorso
De todo fluido,
O corpo em fogo,
De desnudos contundentes
De sabores bons de gente,
Carinhos, vinho tinto,
Cheiroso e quente.

Gabriela

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Teu membro é rei



Teu membro é rei
E dele sou submissa
Ajoelhada rendo-me e me curvo
Vou catando à inspeção linguística
O sabor da glande
Que cala-me em instantes
Inspirando-me gemidos abafados
Leves... rápidos
Teu membro é rei
E por isso odeio calças 
E tudo quanto o guarde
Gosto desse rei nu
A pedir socorro
Pois que com minhas mãos o visto e o protejo
Teu membro é rei e eu o beijo
E se pudesse entraria pelas horas da madrugada
Explorando esses poderes
Vararia a noite incauta
A galopar em frenesi
Deitaria por longos cursos de tempo
A língua no membro
E depois
O membro em mim
O membro em mim 
A solapar-me interior enfim
Teu membro é rei
E oh
Como gosto de render honras
Enquanto me desonras
Com teus ímpetos em desespero
Prezo quando me tomas
Com membro alto e soberbo
Peço que me comas
Com membro rei
Sem repeito
A coroar-me enfim com teus pertencimentos
Teu membro é rei, é rei o membro
Este que me consola
Noites uma e outra com sustentos de carne
Este que mata minha sede quando já é tarde
Este que explora se der vontade
E me domina
Sem piedade
Vicia, invade.

Gabriela

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Vem despetalar-me


Oh anjo indevido
Vem sugar-me logo
Vem a meu socorro nesta hora
Vem aqui tapar-me a boca com teus beijos
E embriagar-me com teu cheiro
Desabafa comigo teus desejos
E ama-me
Ama-me porque já não caibo em mim
De tanto ardor
Não caibo em minhas próprias roupas
E nem em meus domínios
Vem tirar-me dessa angústia
E devolva-me a altivez
Vem
Entregar-te a mim desembrulhado 
À meia luz encontrar-me
E debulhar-me
Despetalar-me feito jardineiro laboroso
E dedicado
Cuida e chega
Vem desafogar-me
Mais rápido que tuas promessas
Me meças com tuas medidas 
Não me desanimes
Não me contraries
Inclina-te às minhas súplicas
Porque aqui inquieto-me entre as paredes da casa
E os insultos de minhas constituições
Apressa-te
Interessa-me ter-te todo aqui
Descoberto e desprotegido
A ponto de eu poder te acalentar com meu corpo nu
E esquentar a ti e teus pensamentos
Oh anjo indevido
Vem em meus aposentos
Devorar-me com a fome que tiveres

Gabriela