domingo, 30 de agosto de 2015

Em eternos fragmentos


Sou todo aberto,
Abro-me a ele e ele
[Vem.
Finca.
Encarna a pele, sinto
[Úmido.
Finca, dói, grito
Mas fico.
Esperma sai de mim
Escorre da perna
Deixa a pele quente.
Bruto, goza!
Escorre
Quente e no dedo delicado,
Adocico o lábio com
O mel.
Enfim, gozo!
Gozo, no fim.

Almar Olímpio (convidado)

Pela noite que vai


Quero te dar na língua
O gosto etéreo da noite suada
E a melada essência
Do que foi o beijo e gozo.
Quero penetrar o universo
Com um falo divino que desenha
Na noite os respingos do prazer.
Ainda bebo o semem dos machos
E mamo nas tetas que tu me pedes,
Pois no meu gozo etéreo não há limite
E 'inda me lambuzo quando ouço
A voz tua de obscenidade.
Deixa, que me vazo entre os dedos da tua mão.

Almar Olímpio (convidado)

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mulher


Linda demais
Nua e caprichosa
Perfumada à rosas recém colhidas
De jardins tão bem cuidados
Por mãos bem decididas
Um anjo caído
De asas translúcidas
De seios à mostra
Sensual, não se importa
E todinha se desnuda
Me leva a cantar
A tua beleza declamar
A tua vulva bendizer
Canto cantos de louvor
À tua cintura fogosa
Às tuas pernas dengosas
Querendo a mim correr
Pomba sem fel
A passear no meu céu
Instigando admirar
Pequena preciosidade
Te digo em verdade
Querer te haver
E contigo voar.

Rômulo Andrade


Gabriela


Ela
Arte bela
Que saltita de janelas
Abertas
Aquarela
Passarela
Flor-estrela
Que brilha e cheira
De gozo e sela
Esse contrato de amor.

Ela
Florbela
Donzela
Espera
Entre celas
À luz de velas
O corpo ereto
Incorreto
Esperto
A costurar essas tramas de amor.

Ela
Gabriela
A mordidelas
Lambidelas
Esfrega-esfrega
Sem cautela
Minha gazela
Liberta
A sussurrar coros de amor.

Ela
Barco à vela
Se esfarela
Se quebra 
Mas não se nega
À querela do inquiridor.

Rômulo Andrade 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Amor à vista


Vou te cobrir as vergonhas, mocinha
E não deixarei que as violem
Com esses olhos de fome
Com que te apreciam tanto.
Não deixarei que saboreiem
Teu mel encantador
Nem que te sintam primeiramente
A contorcer-se de prazer
Numa cama que não seja a minha
Não permitirei que te vejam
Perfumada qual uma flor,
Nua, crua e atraente
De xoxota lisinha.
Para não te roubarem 
Vou te fortificar os muros
Que isolam do atentado
Aos teus pudores
E os deixarei protegidos
Por mim guarnecidos
Sem o perigo de te levarem
Pra longe, sob pretexto de amores.
Quero-te toda em meus sonhos
E não deixarei que voes  noutros ventos
A deixar-me em desalento
Perdido em obsessões
Por isso
Vou cortar tuas asas
Regando teus olhos a rosas vermelhas
Arando teu peito com pequenas sutilezas
Acariciando teu ego com verbetes e canções
E quando tiveres por mim cativada
Enfim irei feliz
A conhecer tuas entradas
Calmo, mas exultante
Lavando-me a alma com teus fluxos
E encantando-me com teus ais.
Enfim abrirei portões, seguro que não te vais
E que deixarás eu te cobrir de beijos
Do mínimo dedo aos seios bons
E por muito tempo ficaremos
A nos estudar um no outro
Se, ofensivas danosas 
Daqueles que ora te pretendem também.

Rômulo Andrade


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Não me largues à sorte de meus medos


Não te vás, amor meu
Não me deixes à sorte de meus delírios
Não me esqueças à escuridão de meus medos
Não recues o passo do meu abraço
E deixa-me te trazer de volta
Tu bem sabes que em meio à noite só
Estarei eu a amargurar tua falta
O vazio ao lado na cama
A tua voz ou teu barulho de ressonar
Não pegarei em sono grande
Enquanto esse amor for dor
E me fizer presença a saudade cruel
Essa saudade que esfaqueia o coração
E lacrimeja dos olhos, a se derramar
Essa saudade ultrajante que sente
O corpo latejante
Corpo em abstinência do teu
Porque preciso urgente
Que me venhas aqui, de volta
E que me pegues no colo e me ames
Me conduza ao nosso aconchego costumeiro
O que faz com que nossos pelos
Se conheçam  e se façam um só
Eu quero seguidamente poder respirar teu cheiro
E me achar protegida em teus braços
Aquecida em teu afago
Que é além disso um sucesso
De prazerosas sensações
Não, amor meu, 
Não te vás assim pra longe
A largar-me à sorte de minhas mãos
Bem sabes tu que elas são amigas
E me trazem as paixões mais íntimas
Do meu auto-prazer.
Mas tu, tu és parte imprescindível
Nesse corpo e coração falíveis
Que são os meus sem te ter.

Gabriela

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Entre pernas


Fui aventurar-me em paragens que não devia
Molhar a boca de desejo
Por doces que não teria
Tentar a sorte boa em paisagens de ilusão
Que se afiguraram num dobrar de pernas
E nelas eu teria todos os pormenores
De ser homem
Certeza que mataria a fome
E traria de volta para casa
A sensação de fato consumado
Como tal calculado e quisto.
Fui fazer-me dominador de regiões resguardadas
Onde leis imperam há séculos
E por mais curta seja a saia
Ainda mora o secreto
Avistando-se somente suas cores a cobrir
Apenas insinuações de se abrir
Mas qual o que
Abre-se nada, só assusta
Fecundando sonhos de fervor em mim
Sonhos que se aquietam 
Desiludidos tantas vezes.
Mas bom mesmo seria
Se essas pernas pudesse explorar
A encontrar tesouros
Rios claros a brilhar nas roupas
Vindouros das fontes a mão afagadas
Bom seria se não mais dobradas
Mas nuas trêmulas ao final.

Rômulo Andrade

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Espera


Espero por este dia em que
Poderei perder-me de mim mesma
E achar-me componente de teu corpo
E a cada centímetro que és tu
Poder percorrê-los velozmente
Sedenta de tua possessividade
Em mim tal como entalhe
A tornar-me outro ser
Serei como não sou
Experimentada em tua boca
Acarinhada por tua palma
Tocada a toques finos
Musicando meus gemidos
Enfeitando minha alma
Serei outra enfim
E sorrirei muito bom
Sorriso de quem ama
A noite toda em bom tom
De quem também chora na cama
Em prazer pleno de glória
Regando flores de lençóis
E nós...
Nós seremos dois em um
A transpor dimensões
A olhos em desalinho
Sentindo o êxtase dos sentidos
Que a pele, o cheiro e toque dão
Seremos um só coração
A pulsar em descompasso
Unidos em abraços nus
Peito a peito, laço que induz
Os lábios a se chegarem
Um no outro e se beijarem
Dessedentando a ânsia nossa
A busca nossa
A ânsia minha
A busca minha
De ser tua um dia
Inteira, a perder-me de mim mesma.

Gabriela

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Os corpos


Dano-me a observar estes corpos que passam
Vestidos, embrulhados 
Por estas esquinas compondo a cidade
Maravilho-me e me farto de imaginação
Pensando em como seria
Se a nudez povoasse
Se  nuas elas passassem
Cabelos ao vento e seios à mostra
Nádegas debatendo entre si
As questões do sol que lhe banha
Conversa feliz de bundas lindas
E meu olhar descendo pelas costas
Até chegar nelas, alegrinhas
A passear pela rua indiscreta
Nua rua
Nua também as meninas
Vaginas lisinhas a enfeitar como flores
A avivar meus ardores de observador
Como seria tudo isso?
Sem saliências secretas
Vendo esses anjos despidos
A incorporar pelas avenidas
Colorindo praças, lojas e padarias
Sem medo algum e sem pudor?
Dano-me a pensar nas pernas
Pernas cruas, pernas belas
De todo jeito a medirem os calçadões
Pernas de abraçar homem ao talo
Pernas que com elas me calo
A ficar apenas nas divagações.

Rômulo Andrade


sábado, 1 de agosto de 2015

Porque trepar é histórico


Uns dizem que um dia
A serpente maliciosa
Atentou Adão e Eva
Para as delícias do amor
Em pleno paraíso
Dando-se a ela a maçã e o riso
Do encontro indevido
Que primeiro uniu os sexos
Nas sensações de frio e calor.
Depois disso também os primitivos
Amaram e foram livres
A um e outro se comia
Aos nossos olhos hoje orgia
Mas de fato amor natural
Pois mesmo um deus e um mortal
Em sua busca de se consumirem
Treparam e deram filhos
Deuses e semideuses,
Bons e maus, invencíveis
Ainda assim dominados do amor
Este sim sempre imperou
Pois que os reis mais bem ornados
Um dia se desnudaram
E treparam com suas donas
Fluíram por dentro de seus corpos
E cobriram
Por vezes amorosos
As suas apetitosas ancas
E galoparam insaciáveis não só
Nos desesperos das senhoras
Mas também em muitas horas
Nas que se davam mais ousadas,
Nas ancas da bem amadas
As suas bem fogosas damas.
Os mais dignos magistrados
Também foram felizes e treparam
Com umas, outras e tantas
Cheiraram as virilhas das escravas
Tiveram tempos com as legitimadas
Mas se cativavam pelas cortesãs
Foram em suas casas e contemplaram
Cantaram, beberam e dançaram
Aos som dos corpos e de suas camas.
Os mais promissores príncipes
Tantas vezes se serviram
Dos corpos das prostitutas
Foram antes nas defloradas
Para depois às comportadas
Unirem-se em matrimônio
Ficando o papel de boa amante
Para a vida vacilante
Das tão mal pagas putas.
O guerreiro corajoso
Também deleitou-se em gozo
De onde saiu e pra onde foi
Ora a castigar suas prometidas
A trancarem suas vaginas
Ao assalto delas mesmas
E de prováveis infiéis
Puseram cinto de castidade
Mataram, roubaram, escravizaram
Mas entre tudo sempre treparam
Sem para seus atos haver bedéis.
O mais recatado escravo
Um dia também houve amado
E possuiu a quem lhe amou
Houve de ter trepado
Ainda após o trabalho
Pois pra o amor ninguém se cansa
Sempre há fôlego pra quem ama
Noite e dia, seja o que for.
Houve padres bem rezados
Bem protegidos em celibato
Que por força de natureza
Mesmo dentro das igrejas
Por sua vez também treparam
Entre gemidos e confissões
Soavam sinos e suplícios
Beijos e orações.
Os hereges muitos queimaram
Mas eles também gozaram
Rasgando dogmas e virgindades
E em plena Cristandade
O povo pelas cidades
Procriava, pelas madrugadas
Se aliciava e alisava
Porque isso era bom.
Era bom também nos trópicos
Ainda mais, se duvidar!
A nudez de ingenuidade
Na hora do corpo se esvaía
Fazendo o amor puro do indígena
Pelas matas ainda virgens
E os rios que os banhavam.  
E nos grandes casarões
Em suas camarinhas escurecidas
Havia hora para a comida
Das inhás e dos inhôs
Com um crucifixo por sobre a cabeceira
E um santo a observar
Sob lençóis cobrindo as deixas
Iam-se os tais a trepar.
As donzelas quando se abriam
Suas flores todas se iam
Em fluxos de despudor
Se a regra não fosse aquela
Disso então dava-se querela
Pois que a ela se deflorou
E nessas trepadas todas
Batiam membros e cochas
E leis restringindo o amor
Ainda assim
O mais simples criado
Em suas noites houve trepado
Com meninas de sua casta
Houve levantado saias
E desonrado moças bem criadas
Inocentes e casadoiras
Houve bebericado beicinhos
E amassados peitinhos
Iniciando amadoras.
Por todo o tempo e humanidade
Houve todos enfim trepado
E houve todos enfim gostado
E proliferado até agora
Essa ânsia pela cópula
Ainda que recoberta a restrições
Homens e mulheres 
Enfim sempre eles querem
O pecado das maçãs.

Gabriela