domingo, 28 de dezembro de 2014

Porque me tocas


É demasiado difícil controlar meu corpo,
Pois que nele imprimes energias tão fortes,
Energias do universo confluindo para o gozo,
Energias de uma aparente morte
Que se deita quieta depois.
Como poderei, meu amado,
Dizer às minhas pernas para que parem
E não tremam mais?
Como ordenarei aos meus olhos que não fiquem assim
Tão desordenados no fitar?
Como direi à minha boca para calar-se ao impulso do grito?
Impossível.
É impossível impedir que esse instante venha devagar,
Tateando minha sensibilidade,
Arrepiando-me a sexualidade,
Dopando-me irremediavelmente.
Lamento,
Mas não posso.
Devo mais é permitir-me em convulsão,
Esta que  me faz tão bem,
Que me traz risinhos satisfeitos no final,
Que me traz o sono bom do amor bem feito.
Não, meu amado,
Melhor vir e banhar-me de teus beijos,
Pois que agora já estou em êxtase
E muito anseio por teu corpo no meu.

Gabriela

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Por tua pele a língua deita


Onde queres minha boca?
Onde queres?
Diga-me que eu ponho e recrio teus prazeres.
Onde queres que eu te chupe,
Onde queres?
Nos lábios ou na vulva,
Nos seios ou na nuca,
Onde preferes?
Diga-me tuas vontades,
Farei todas com desejo imenso,
Deixarei teus pêlos arrepiarem na pele,
Diga-me onde queres
E realizarei teus intentos.
Diga-me onde queres
E me entregue esta cavidade
Abençoada do mundo.
Abra-te a meu órgão 
Que mesmo agora te faz insultos,
Não me negues.
Não me negues.
Não há sentimentos impuros,
Há corpo e espírito a ficarem confusos
Nesse meio claro escuro
Que nos embebe.

Rômulo Andrade

Nirvana


Enquanto você corre

Eu te amo além das forças,

Eu vivo o intensivo

Do lado a lado com você.

Do sentimento adocicado,

Da mão colada,

Do beijo bom.

Enquanto você sonha,

Eu realizo aqui o instante,

O fato de estar perto,

O corpo, a face, o peito,

Marcando à tinta de batom.

Enquanto a noite se espalha,

Aqui a calma se derrama,

Perde o tempo,

Pede o momento,

Me embala, me afronta.

Enquanto lá fora é dinheiro,

É direito, é norma,

Aqui é carinho, apego,

É pulsar sem hora,

É ser e estar

Mais ato e menos verbo,

Mais fato e menos “espero”,

É a coisa do amor que toma posse,

Que coloniza o meu ser.

Enquanto tudo o que se faz e tudo que se pensa

Aqui é mais carne, é mais sangue,

Coração, transfusão, romance.

Doação do que se é,

Do que se pretende,

Do que se crê.

Gabriela

Estado


Como um rio

Eu escorregaria devagar por entre tuas pedras,

Moldando todas elas

A meu bel prazer.

E prazer eu sentiria de doer,

De marcar de dentes

À noite e alvorecer.

Por entre meus afluentes

Me deixaria escorrer,

Acabando por desembocar

Em fluxos nunca dantes experimentados,

Em dedos nunca dantes dedilhados,

E de boca desembocaria em teu berço,

Como um rio, a correr.


Como um rio, a correr,

Eu esqueceria o mundo e as vertigens.

Esqueceria as virgens, os mentirosos,

Os vivos e os mortos.

Deixaria tudo para trás, como sedimento,

E só sentimento deixaria povoar-me,

Só os sons do corpo,

Só os sopros,

Só a carne.


Gabriela

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Em sabor de fogo



Na docilidade de tua boca experimento
O sabor do fogo
E ele é invencível em mim quando se instala.
Ao dedilhar tranquilo de tuas extremidades
Meu corpo reage
E borbulha lentamente,
Mas quente,
A escorrer coxa abaixo,
A banhar as colchas incertas já.
Não há roupa que se aguente
Nem botão que se guarde,
Não há medo que se supere
Nem pudor que não desate.
Não há suspiro que não grite
Não há olhos que não fechem,
Não há gemido que morra
Não há boca que se aquiete.
É tudo então um embaraço de soluços
E palavras desconexas,
Um não viver mas viver profundo,
Um encontrar-se ao perder-se.
É tudo então uma confusão de mãos
E grunhidos ora abafados ora loucos,
É tudo então o sufoco
Que amante algum a ele se negue.

E no leito banhado de gozo

Encontro o sabor do fogo,
Encontro o sabor do amor.

Gabriela

A mulher e o sexo


Quem doma teu corpo,
Senhora menina?
Quem doma teus instintos,
Tua libido escondida?
Quem poda teus arroubos
De desejo e de dor?
Quem viaja contigo
Nas intempéries do amor?
Quem corta contigo
As asas do pudor?
Quem faz o sexo bom
Que todas elas queriam?
Quem te dá os momentos
De desequilíbrio e estranha alegria?
Quem contigo mancha a alma de pecado?
Quem contigo faz
Um e dois e três orgasmos?
Quem contigo vai
A um mundo desaforado
Desarvorado
Que só existe como um suspiro,
Profundo, inquieto,
Feito de gritos,
Dentes de fera
Mordendo a presa
Indefesa... liberta?
Quem, senhora sem rumo?
Quem, senhora do mundo?
Eu contigo vou e voltarei se puder
Querendo de novo o sexo de mulher,
Querendo de novo a aventura
E o desespero,
Sentindo de novo a satisfação e o medo.
Contigo vou e também nem sei se volto
Posso ficar por lá
Nos teus braços envolto,
Ou molhado de ti,
Nadando em teus gozos,
Bebendo de ti
Os beijos do teu corpo,
Fazendo repetir tantas e quantas
Vezes sentirmos vontade,
Essa vida à parte
Que é o sexo em liberdade.
A ti dedico meu mais impetuoso gesto
Subindo pra ti meu indomado objeto
Autoritário e ereto
Para que nele dances e derrame teu sexo,
Para que nele faltes morrer de desejo.
Para ti dedico
Para ti suplico
Que me venha sem demora,
Bem agora, como eu quero.


Gabriela

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O pau


Querendo coisas
Chocolate, risos e tal
Acabei querendo também o pau,
Mas o pau firme, imperativo pra mim
Bem decidido pra trabalhar sem fim
Até quando do meu corpo fluir desejo.
E o vejo
Fluentemente bem,
O beijo
Com dentes e lábios quentes
Da base ao topo,
Inconsequente.
Tomo para mim como brinquedo
Com intensos movimentos.
Causando hematomas
Com meu batom vermelho.
Hum... eu ouço. 
E ouço mais,
Respirações ofegantes e gemidos descomunais.
E do pau explode o líquido da vida
Como num vulcão em atividade há muito inativa.
Relaxamento,
Olhos desatentos,
É o que se tem depois do pau e da língua.


Gabriela

O céu de orgasmo


Em teus lábios eu me deixo,
Na tua saliva encontro refúgio.
E da boca ao seio passeia tua língua,
Da coxa à bunda, as tuas mãos.
E nesse cenário em que me vejo 
É que me encontro e sou eu,
Sou tua.
Como gosto de estar,
Completamente nua.
É como gosto de ser,
Derramando perfume de sexo,
Pois nesses cheiros, desperto 
E vou ao céu.
Viagem profunda, inexplicável até
É esse instante orgasmo de mulher.
Vejo-me sem controle,
Sem fôlego e selvagem.
E nos movimentos todos que me envolvem
Caem lágrimas sobre tua imagem.
Tão forte e tão meu é isso tudo
Que choro, grito, me descuido,
E tenho tuas mãos a tapar meu desespero,
"Cala-te! Não grita"
Mas é sem jeito,
Pois que ao céu eu viajo de desejo,
Ofegante,
Conflitante,
Intenso.


Gabriela

O fluido e a flor


Escondida ela se mantém
Por detrás da renda preta,
Que enfiada nádegas adentro
Procura abrigo onde não se demorará.
Ora quietinha,
Ora sem vergonha,
Palpita e sonha a buceta,
Flor que mais cedo se derramará
Em fluidos sem despeito
No chão, nos lençóis,
Na mão, na boca, nos bigodes,
Nos móveis em que se deitar.
Ela vai... vermelha,
Beijando quem lhe tocar,
Os dedos molhados da dona
Ou os lábios famintos do invasor.
Ela vai sim, se encontrar em pronto delírio
E derramar seu branco líquido,
Prova do profundo desmaio de amor.
Alcançando o topo do desejado
Ficam a renda, as mãos ou os lábios
Brilhosos de tanto gozo.
E a flor fica sossegada, realizada,
Até despertar de novo.


Rômulo Andrade

Pés no salão... mas corpo na cama


Os pés não correspondem à mente,
Eles arrastam, gastam o solado
Levam o corpo e só.
Mas em mente outros mundos se formam,
Em que pés ocupam um caminho de sonho
De irreal e idealizado,
Em uma busca de coisas e coisas e coisas
De pessoas, pessoas e pessoas.
E as mãos, que em carne se enroscam em outras aleatoriamente,
Pelo acaso do destino,
No mundo etéreo dos meus sonhos
Se enroscam em lugares proibidos,
Onde o prazer teria liberdade eterna,
De desenhar a toque de dedos
Uma música de sons humanos,
Suspiros e respirações.
E enquanto o corpo vai e vem no vão do salão,
Na mente ele se vai sem rumo,
Pra onde o melhor morar,
E lá se demora como um bom hóspede .
Lá o mundo é desnudo
E provoca,
Bebe de onde não se tem costume,
Rói os preconceitos e as leis,
E sem lei,
Numa sexta qualquer de um tempo curto,
Escreve na pele com os perfumes trocados
E morre, como morre um sonho sem motivo de ser.


Gabriela

Do meu peito


De bico deitado à tua boca
Do meu peito vibram energias. 
Endurecido fica, ofegante,
Ansioso por tua língua.
E ela vem sem mais tempo
E a contento
Me lambusa.
Fazendo zigue zague de baixo a cima,
Me busca.
Entre as mãos de você meu homem
Ele mal cabe...
Grande, ele te invade,
Te bate no rosto com carinho e maciez.
E cai como uma luva em tua boca sortuda
Que o fará feliz.
Nesse jogo de corpos em desalinho,
Colocas teu membro em mim.
Entumecido e nervoso
Entre os peitos quer se acalmar.
Movimentas com tal fome
Que breve vejo o gozo
Em mim se derramar.
Escorre e percorre lentamente
Dos seios à barriga e ao resto todo.
Tudo calmo, quase mortificado,
Suado... gostoso.


Gabriela

Amor de carne


O corpo permite tantas coisas
Choques elétricos e tantas coisas
Enchurradas e outras coisas
Permite a percepção de um mundo diferente
Nu, descalço, louco
Um mundo em que tão poucos pousam
Nem ousam
Não amam o amor de carne
Que de flores e falos se compõe
E que em gotas de prazer se decompõe
E sobre os lençóis ou chão desatinados se recompõe
E de novo vai
Entre as curvas e as pernas
Mãos e bocas sem freio, vai
Sem respeito, vai
Sem medo.
Nem todos podem ou se permitem
O amor de carne que o sonho grita
O mundo velho o maltrata
Faz de sua geografia o pecado
Mas os poucos que se deixam e se levam
Amam e nem se lamentam
Porque eles voam
Eles levitam
Eles vão
Eles vem

E se completam.

Gabriela