quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Eu sou tua, apesar de outras bocas


Sim, amor
Eu beijei outras bocas
Mas nenhuma me cativou
Não era teu gosto que eu sentia
Eu tive momentos
Furtivos, esguios
Com outros em que tropecei
Mas nenhum foi de olhar tão fundo
Quanto o teu
Nenhum, amor
Me fez flutuar
Nenhum perdurou sequer uma hora
Nessa memória que é tua
Eu fui tua 
Mesmo em outros braços
E em outras bocas
Eu fui tua, de graça
À toa
Eu jamais me libertei
Da sensação de não conseguir viver
A vida normalmente sem você
Eu bebi outros beijos
Mas nunca com tanta sede
Jamais tão duradouro
O copo era vazio
Ilusão, solidão
Calafrio
Por mais que negues
Sempre foi amor
Um amor que dominou
Todas as minhas resistências
Mas eu queria fugir
Me reconstruir
Daquela relação de emergência
Mas nunca consegui, enfim
Dar cabo a esse sentimento
Que pulverizava todos os meus dias
Eu te amei demais
E minha solidão só aumenta
Porque o caminho precisa ser assim
Limpo, aberto, sem empates.

Gabriela

Ponto final


Eu não sei o que escrever
Assim de cara é tão difícil
Dar conta que o amor acabou
Que essa porta na cara foi tão forte
Perder teu amor para a distância
Para a segurança dessa novela
Que mostras para o mundo
Perder teu amor assim
De um dia para o outro
Num momento escuso...
Não minto que o coração parte
Em mil pedacinhos
Nos quais me corto e sangro
A alma se acabrunha
E aquela tão linda esperança 
Vai embora voando com a lembrança tua
Eu te quis um dia tão meu
Eu te tive entre os braços tão meu
E achei que a felicidade
Fosse aquele retalho de encontro
Que tínhamos vez e outra
Eu não me dava conta
Que minhas contas não batiam
E você... você era agonia
Penetrante, incessante
Quase eterna
Mas eu te queria mesmo assim
Gotejando no meu corpo o teu suor
Regando minha boca à tua saliva
Orvalhando meu ventre com teu amor
Tão quente, que corpo abaixo escorria 
O amor ia e vinha
Nossas noites, nossas fomes postas à mesa
Olho no olho feito fera e presa
A gente era... a gente era
E eu não queria defesa
Mas agora, eu não sei como te chamar
Te chamo de amor?
Te chamo pelo nome?
Ou não te chamo?
E como amo aquilo que não posso amar?
E como agora posso querer
Aquilo que não posso ter
E nos meus braços estreitar?
Como será essa vida
Sem te perceber de modo algum?
Pedistes para não mais falar
E eu calo por compulsória
A vida me coloca esse não a ressoar.
Não posso. Não devo.
Mas como posso apagar o que está fincado?
Eu não sei....
Apenas sei que o que escrevo é confuso
Desequilibrado
Tanto quanto esse instante em que
Não devo pensar em ti e penso.
Eu penso...
E por dentro me rasgo os sentimentos.

Gabriela

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Aquele amor


Aquele amor foi fogo
Que em dias frios aqueceu
Mas não aqueceu em todos
Muitos deles o frio teve de ser suportado
Com a coragem guerreira que não se sabia
Que não se conhecia
Que foi obrigado se ter
Aquele amor de abraço apertado
Nem sempre pode abraçar e ficar
E contar outros segredos
Os risos eram sinceros
Os beijos também
Naquele amor tudo era puro e real
Mas o sempre não veio
O eternamente não se apresentou
E eu amei aquele amor
Mais do que podia
E sentada numa esquina da esperança
Espreitei uma carruagem florida
Pra me levar a teu encontro
Mas aquele amor errou
Quis demais o que não se podia ter
E sonhou demais com realidades sem chão
Aquele amor rasgou minhas resistências
Me fez frágil e punível
Por mim mesma
Esquecida nas minhas lembranças
Tentei achar a solução
Mas ela nunca existiu
Aquele amor era amor demais
Mas os caminhos eram tortos 
Para um caminhar tranquilo
Eu segui sozinha
Observando os matinhos pelos caminhos
As nuvens no céu dos meus pensamentos
E os sussurros de paz
Que eu buscava
Naquele amor eu amei como se ama e nada mais
Mas eu voltei
Estou voltando
Aos poucos estou me reencontrando comigo mesma
E deixando aquele amor passar

Gabriela