eu conheci tua boca
e dela gostei
boca boa
de beijo bom
dela eu gostei
enveredei e encontrei tua língua
língua de agrado eu sorvi
saciei a sede
depois senti de novo a vontade
de não sair dela
da tua boca
num canto qualquer desses de fim de festa
você sabe
foi minha língua em cima
a te lambuzar
que levantou em baixo
a quentura da paixão
e se avistaria de longe se vissem
eu não liguei
você não ligou
nem ninguém mais
a única conversa a se ouvir não tinha verbo
língua com língua
molhada, chupada, cansada até
mais ainda não
para parar não
tínhamos um canto escuro
seguro
eu poderia enfiar a mão
você poderia gemer
e risos bobos de quem faz coisa errada saiam
mas não tinha erro nas línguas
elas se acertaram tanto
eu já estava íntima dela
em cima e em baixo
onde nascem os afluentes do mundo inteiro
onde o céu vira casa
e lábios gozam
eu conheci tua boca
e teu hálito
também tuas palavras
teus gemidos
Gabriela