quinta-feira, 29 de junho de 2017

Reticência


Este tempo é uma incógnita, amor
Este tempo que é intermédio entre tu e eu
Este tempo reticencioso 
Vagaroso, quase infindo
E o meu anseio é de te sentir
O mais rápido possível
É ter-te perto
Bem perto e bem vivo
É de dissolver-me nos teus beijos
E sentir-me cravada em teu corpo
E este tempo não passa
Passam pela rua pessoas cansadas
Apressadas, preocupadas
Passa pela janela o vento quente
Passam tantas coisas pela gente
Passam sonhos e promessas tantas
Passa tudo, tudo passa
Só não passa essa ânsia
De ser tua outra vez
E os últimos minutos de espera
São de coração que acelera
Respiração que ofega 
Corpo que arrepia.
Os últimos minutos são de completa euforia
Mistura de ansiedade, saudade, desejo
Uma confusão de sentidos e conceitos
Nada se aquieta até que tuas mãos me encontrem
E possam dedilhar minha pele inteira
Nada se acomoda até que tua boca
Possa me salivar a nudez inteira
Nada se assossega até que os últimos suspiros 
Sejam rendidos em nossa honra
Pela inquietante cama
Em nossa deliciosa sobremesa

Este relógio, no entanto, teima em desfazer de mim
Este tempo, no entanto, teima em ser maçante
E fazer-me aborrecer nessa espera entediante.

Gabriela