segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Mastigando a saudade


É uma ferida aberta, amor
Sangrando um sangue quente ainda
Não se fechou amor
Demora
E a cada hora é teu nome
Que chega a visitar
E me lembra que deixar de amar
Não é tarefa fácil
A cama não deixa
Os lençóis, as paredes
As panelas em que temperei teu feijão
Tudo quanto a memória tua traz
Me retira essa armadura
Essa dureza do coração
Uma lágrima cai 
Na primeira palavra que escrevo
E quando chegam as lembranças dos beijos
Que eu não sinto mais
Quando virá a tarde em que eu,
Voltando para a casa,
Não lembrarei de ti?
Quando enfrentarei os silêncios dos meus dias
Sem doer por ti?
Quando teu nome não será mais
Motivo de amargura
E saudade?
Saudade de nosso sexo ora doce
Ora selvagem?
Dos nossos encontros em fogo
Corpo em combustão
Alma em consumo inteiro
E mente em expansão?
Quando poderei seguir
Sem te ter marcado em mim
Como a ferro quente?
No meu íntimo, na minha pele
No meu útero, no céu da boca
Nas palma da mão, no coração,
No ventre?
Tu és minha tatuagem mais visível
O sentimento mais sensível
A dor mais intangível
Que me leva à poesia
De quem só tem tristeza pra escrever.

Gabriela