quarta-feira, 22 de junho de 2016

Promessa


Meu atrevimento quer mais que beijos
Quer mais afagos inocentes ao portão
Meu atrevimento não se contenta fácil
E quer o enlace do teu coração
Quer também além disso
Enveredar por tuas matas
E beber de tuas águas
E dormir no teu chão
Quer ouvir teus sussurros
De amor, no escuro
Em gloriosa excitação
E quer também perfumar-se
Com teus cheiros proibidos
Com teus dotes escondidos
E dizer que te amo
Que quero a ti
E a teus pelos pubianos
Que me encantam
E me levam acima das regras
Me deixam em festa
Ao te sentir tão minha
Tão inteira a entregar-se
Quero desposar-te 
Fazer de ti a mais querida
A mais feliz que já se viu
A mulher de sorriso largo
Porque o amor será farto
Sempre
Nas horas vagas do trabalho
E nos fios da noite alta
Eu te darei para que toques
A minha flauta sem retoques
Para que a tomes para ti
E serás livre em mim
Nossa cama será ninho
Para truques de carinhos
Desaguando como rios
Num mar de amor sem fim

Meu atrevimento quer bem mais
Que olhares trocados
Que abraços enlaçados
E quer mesmo teu sim.

Rômulo Andrade

sábado, 11 de junho de 2016

João


No meio do caminho estavas
No meio das mudanças
Das andanças
Das vontades
Da solidão
No meio do meu horizonte
Tu, grande
Forte, sedutor
Olhar galante
Tu, galanteador
No meio do caminho
Tua boca me buscou
Tuas mãos me apanharam
Meus suspiros te inundaram
Suor de um no outro
Paixão sem porto
Cama cheia, depois vazia
Antes mesa, ceia
Depois cama e alegria
No meio do caminho estavas
Preparando poesia
Mensagens à letra bela
E a cada dia, um bom dia
Carinho via tela
Flores em fotografia
E tu, ah, tu
Amor que eu queria
Tanto, pra trazer no ventre
Levar à praça
Beijar à face
Cheirar gostoso
Viajar, viajores
Amor que do caminho
Queria eu colocar na sala
Dizer a um e outro e viver
Amor que eu queria ter
Mas que eu nunca teria
Amor pra saber
Mas qual o que
Utopia
Amo tanto
João, de destino longe
De caminho oposto
De raízes feitas
De asas cortadas
João, de sorriso largo
Mas de passo curto
Onde comigo não vai
Pra outros caminhos passear
Que a meu lado distrai
Mas não se vê futuro
João, de fortaleza na cama
Ama, ama, ama
Como ninguém acende a chama
Como ninguém, inflama
Nu é belo
E nu eu quero
Pronto para sempre ter
Aquele amor inexplicável
Pele em pele, inevitável
Fluxos de um no outro
Perfumes revoltos
Salivas delinquentes
Olhos cerrados
Corpos encaixados
Forte. João. Intenso.
João. Bonito. João.
Imenso. João. Amado.
João. Longe. João.
Inalcançável. João. Inverso.


Gabriela


Clandestino


O amor que nasceu em nossos olhos
Resolveu entrar sala adentro
E visitar a cozinha e as panelas
Tomar banho, se demorar no leito
Mas sem nunca abrir janelas
Sem nunca publlicar beijos
O amor que nasceu em nossos olhos
Resolveu visitar-me sempre
Em dias de semana, em fins
E se desnudava com nossas 
Calças e roupas íntimas
Estendendo-se pelo chão
Ou enfeitando o colchão
Mas então, enfim
Clandestino,
Proibido,
Escondido
Limitação.
Só ser visto entre quatro paredes
E só sentido no coração
E nos encontros incontroláveis
Nossa sede matávamos
Mas ser sabido, não.
Não dava ser visto em outros olhos
Não cabia declaração.
Mas o amor era bom
Único. Incomparável
Cravejado de emoção
Amor de tempero bom
De mão firme
Boca quente
Sexo viril
Amor que só ele bastava
Que só dele gozava
Como nunca se viu
Mas o amor era
Clandestino era
Proibido era
Por isso partiu.

Gabriela

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Fácil


É fácil contigo perder a linha
Contigo destrambelhar-me
E erros cometer
Erros que se derramam deliciosamente
Pelos cômodos onde 
Teus braços vem me envolver
É fácil contigo alcançar o êxtase
É tão fácil contigo sorrir ao vento
Por isso peço que não me deixes
Faz amor comigo
Intenso
Deixa que eu peça mais ao teu ouvido
Que me entres novamente
A fazer-me gozar
E sobre ti deixar meu cheiro
Meus líquidos
E sobre ti convulsionar
Deixa que eu te peça mais
Que eu te implore
Que me dê à boca o teu membro bom
Deixa que sobre ele eu chore
E deixe os vestígios do meu batom
Esse choro de prazer que me dás
Esse desespero, esse alcançar o céu
Deixa sobre mim teu amor
Renova-me outra vez com teu mel
Pois é fácil, tão fácil contigo
Eu ser mulher
Tão fácil ceder a ti o melhor que tenho
Tão fácil deitar contigo o meu corpo
Tão rápido passar contigo o meu tempo

Contigo é fácil eu danar-me
Contigo é ligeiro o amor
Nossas músicas ecoam pelos ares
Denunciando a tarde bela que se passou
E vem, vem de novo
Vem de novo ao meu encontro
Vem de novo, que eu te conto
Um segredinho, uma fantasia, um esplendor.

Gabriela


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Ele flui, ele flor


Eu me encosto em ti
E já quero o teu consumo
No de repente de nossas bocas
Na insensatez, no descuido
Na insanidade das coxas
Vamos nos tendo aqui
No jardim
Na cozinha de panela ao fogo
No quarto de cama bagunçada
No banheiro, no corredor, na sala,
Onde o amor puder fluir
E ele flui
Ele flor
E seja onde for
Nós vamos a nos consumir
Nossa saliva em conversa boa
Em casamento feliz de amor
Nossa libido desperta e solta
Ela flui
Ela flor
Eu me encosto em ti
E já quero o teu sumo
Já quero o teu suco
Na boca
Pra que eu deguste
O teu sabor.

Gabriela