terça-feira, 30 de agosto de 2016

O tempo não volta e que pena


O tempo não volta e que pena
Que enorme insatisfação invadindo
Aqui este peito só
Que só aperta 
E não expulsa a flecha
Que se encravou
O tempo não volta e que pena
Pois que não posso 
Desfazer o que foi feito
Desdizer o que foi dito
Desbeijar teus lábios
Desenlaçar os abraços
Fechar os olhos apaixonados
E retomar para dentro de mim
Todo o prazer que despejei sobre ti
O tempo não volta e que pena
Pois acho valeria a pena
Não te olhar como te olhei
Não ter nada visto
Aberto portas e janelas
Não ter sentido
E preparado a cama pra te receber
E quem dera
O tempo voltasse 
Pra que eu negasse amar você
Mas que destino
Que sina essa minha
Entreguei tudo o que tinha 
Entrevendo sorte
Dei o mais secreto dos meus dotes
Fui e voltei tantas vezes
Beberiquei do teu amor partido
Entregue e sem abrigo
Mas que sina
Que destino.

Gabriela

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Ave de rapina


Há consciência em mim
De que vieste como águia de rapina
E na noite minha entraste
Faminto
Caçador
Buscando  fácil amor
Rápido
Gostoso
Voador
Teu encontro em mim
Esse encostar de pele
Efêmero como o vento
Que circula no espaço
Fácil
Rápido
Conquistador
E em qualquer cama me impele
Com palavras pequenas ao ouvido
PermitiVou permitindo o corpo isso viver
Sem correntes
Sem endereço
Sem definição
Apenas atração
Por querer
Noite que se apaga
Que os dias comem
Noite deitada em cama redonda
Refletida no teto
Noite de insônia
De banho conjugado
De lugar pago
Fácil
Rápido
Só pelo prazer de estar
E conectar os corpos
Sem alma
Só do apelo da carne
Que a monotonia da semana
Pôs a comportar-se
Leva-me, ave
De rapina, me cace
Sem céu
Me ataque
E sim, 
Faça-me voar e viver.

Gabriela

Tua mão enfiada


Deixa a mão enfiada
Com gosto e ímpeto
Nesses meus redutos de amor
Cativa
Futrica entre mim
Esses teus dedos grossos
Que me seduzem
E escrecem poemas
Eróticos em minha pele crua
Nua
Exultante
Deixa tua mão amante
Solucionar minhas dores
Minha solidão
E me toca
Me solta
Masturbação
Serei tão logo
A mulher que desfalece e treme
Geme
Se contorce em nervos loucos
E suspiros afoitos
De inquestionável paixão
Ai, amor
Ai, amor
Enfia a mão

Gabriela

sábado, 13 de agosto de 2016

Abandono


E de repente eu me vejo outra vez
Inundando-me em lágrimas
Que despencam da face
Pelo queixo
E devagar vão chegando aos seios
Que outrora beijaste
De repente sinto com se a alma
Fosse abandonar-me
Tal e qual fizeste a mim
A dor de tua lembrança
Rasga a esperança
Que sangra
E não vê mais caminho algum
Mais um dia sem ti
Mais um dia sem a noite pra te amar
Pra que eu me deleitasse
Na doçura de teus carinhos
E na grossura de teus toques sensuais
Mais uma hora sem tua voz
Sem teu corpo e tua boca
Que me guiava ao completo prazer
De repente... outra vez
Minha nudez
Refletida no espelho é uma sombra
Uma sobra daquilo que deixaste
Depois de sugar meu amor
Poderias ter sugado tudo
Nada deveria ter ficado
Para que essas lágrimas 
Não me incomodassem mais
Poderias ter ido embora
E contigo levado teu nome
Teu cheiro
Tuas roupas
Tuas tatuagens em mim
E me deixasses nua até
Mas sem as memórias em minha pele
Sem tua presença
Tua essência e teus passos
Porque a cada imagem tua
Que me chega à mente
Eu revivo as cenas de amor
Tão intenso entre nós dois
Amor sem depois
Sem promessa
Sem paradeiro
E eu me vejo ainda
Deitada sobre teu peito
Ofegante de te amar
Ainda respirando afoita
O ar que nos sobrava
Me enxergo nua
Sentindo tua proximidade por trás
E teus beijos na nuca
Ah... é por isso que choro
E rego os seios despidos
E minha tristeza altiva.

Gabriela

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Sensualiza, menina


Sensualiza, menina
Que disso eu gosto
Que me mostre os lindos peitos
E me negues o toque
Aprecio
O difícil
Impossível
Teu corpo inatingível
Que carrego na mente 
Feito fórmula que se aprende
Feito delírio em cortes.
Sensualiza, linda
Que eu gosto de alterar-me
Ao imaginar tu a dar-me
Sendo mulher em mim
Rebelando esse teu corpo cheio
Revoltando os lábios vermelhos
Eriçando os bicos dos peitos
Apontados a me atingir
Sensualiza, que eu te quero
E planejo te conquistar
Teus vinte e poucos anos
Eu quero aventurar
Te esquentar o espírito
Apresentar o que trago comigo
Meu carinho
Meu vinho
Meu amar
Sensualiza, minha moça
Que logo comigo estará. 

Rômulo Andrade

Se me deixas só


Se me deixas só
Meu corpo se lembrará de ti
Tua falta doerá
Mas de repente virá o esquecimento
A morbidez
O tanto faz
O costume
Sabe, amor?
Quando a gente ama a gente trata
De a distância encurtar
De os passos apressar
De o tempo diminuir
Quando a gente ama
Não deixa o outro na espera
Numa eterna espera
De dias tão longos
Quanto os quilômetros que nos separam

Se me deixas só
Um espaço é permitido criar
Para que outro amor venha e se faça
E se demore mais que o teu
E diga mais palavras que tu
E até mesmo demonstre mais atenção
Interesse, achas que não?
Se me deixas só
Minha cama se arruma e fica
Semanas a fio a te esperar
Minha pele se perfuma e fica
Quase um mês ou mais
Na ânsia de te amar
Mas olhe
Logo tudo isso passa
Porque o frio chega
E aquieta a paixão
Que tão quente se sente
Em tua presença
Mas tão insensível se torna
Nos teus prazos sem fim
Achas que não?

Se me deixas só
Há de ficares só
Sem mim.

Gabriela

Amor, não economize amor


Não economizes, amor
Nos carinhos que te peço
Eu digo que quero
E realmente quero
Que te demores
Nos meus lábios
E deles desmembre o mel
Eu digo que quero mais
E realmente quero mais
Que prossigas
Que me sintas
Nesse descontrole de pernas
Que me deixas haver
Beije-me, amor
Mais, amor
Não pare
Eu quero que prolongues
Essas carícias em botão
E desejo que desabroche
Vermelho, aflore
Em que eu perca a razão
Quero sim que me desloque
Que me desmonte em tua boca
Em ti vou me orvalhar
E gemer e gritar
Louca, linda e solta.

Não economizes língua, amor
Saliva, amor
Tempo.
Não economizes
Não economizes
Eu te peço.

Gabriela

Bela fêmea


A bela fêmea deve amar
Ainda quando seus seios tão rijos não sejam
Deve dar-se ainda quando a pele seja tecido fino
E a juventude tenha ido deitar-se a dormir
A bela fêmea
Deve amar para manter o brilho
O viço da boca
O olhar vivo
Deve amar porque é sempre possível
Deixar o corpo sentir 
O que a alma quer
Deve ser beijada
Abraçada
Possuída sem meios tons
Deve anda enfeitar-se
Encarnar-se de batom
Ainda em salto se equilibrar
A bela fêmea
Não precisa de nada mais que amar
Só amar
Na liberdade de quem conquistou a vida
Na certeza de quem já perdeu as dúvidas
Na intensidade de quem já amou demais
Na beleza de quem não nega paixão
E dela eu vejo a pele de novo tremer
Ouço ainda os gemidos de prazer
O entregar-se
O ser mulher
Na nudez de minha razão
Que a percebe linda
Reluzente
Sólida ao derreter-se
No meu coração.

Rômulo Andrade 

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Acalanto ao rei


Eu quero em minha boca
O teu gosto mais íntimo
Quero a língua deslizar sobre ti
Quero teu falo molhado e rijo
A preencher o céu
Do meu mundo carmim
A saliva aquece
A saliva umedece
E teu prazer é bonito de ver
Teus sussurros de leve
Tua face enrubesce
O teu corpo inteiro refém vou fazer
E te guiar com meus beijos
E minhas mãos a te tocar
Massagear tuas pernas
E tua pele desperta
Vou em ti me acalmar
Vou a ti acalentar
Amar como sei
Tratar-te como rei
Que desejo governar.

Gabriela