domingo, 24 de fevereiro de 2019

Um amor morre no mundo


Hoje o dia amanheceu tão caído
Os meus olhos de lágrima
Sabiam muito bem que era o fim
Era o fim de algo que nunca começou
Ensaiou uns passos
Mas pelo meio do caminho ficaram
E só o gosto deixou
Talvez o desgosto, a amargura
De um desejo sem jeito
De uma vontade sem condição de ser.
Um amor morre no mundo
E esse amor era aquele que eu te mostrei
Alimentei dentro de mim
Com uma ração diária de esperança
E a cada noite de paixão
Ou momento furtivo de entrega a ti
Eu pensava ser possível
O amor impossível que sempre foi.
Um amor morre na cidade
Escorre pelas águas das chuvas de fevereiro
Seria um mês de festa se os anos que correram
Não tivessem findado em desilusão
Sentimento impiedoso que invade os corações
De mulheres que não tem um amor pra amar
Ou que compartilham desgraçadamente o amor das outras
Ou que se comprazem com  pouco amor
Caindo devagar sobre o seu corpo
Como as últimas gotas de uma chuva de fevereiro.
Deixar um amor morrer
E enterrá-lo com as honras devidas
É talvez um presente pra recomeçar a viver.
E é sabido que aquelas sensações de grandeza não mais virão
Não haverá mais braços grossos trimestralmente a abarçar-me
Não haverá mais palavras doces a enganar-me
Não haverá mais ilusão de amar-me
Pois sei que não..
Não me amas e nunca amastes.
Eu amei só... costurei as possibilidades sozinha
Sonhei noites incríveis e sexo imbatível sozinha
Cozinhei o jantar e esperei com o coração inquieto, sozinha
Dormi agarrada à tua lembrança ou ao teu short esquecido
Sozinha.
Fui eu só a construtora de um amor possível
E não me dei conta mais cedo de que tudo era
Uma grande mentira.
Dói. Dói como sempre
Dói não porque sou fraca
Mas porque eu amei.
E um amor quando morre
Machuca a alma e faz cair as lágrimas que eu nunca guardei
Mas que cresceram e abundaram
Com essa história de amor
Que eu esperei ao teu lado 
E não poderei jamais contar.

Gabriela