segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Quero-te sem negar nenhum sentido


Amor, 
Quero-te sem negar nenhum sentido
Que é isso tudo
Esse amor
Esse insulto de tua existência
À minha sensatez
Perco toda ela
Me vejo catando estrelas
Para a ti doar
Me vejo feio onda do mar
Indo em vindo
Na tua vida
E sendo coisa linda
Ora leve, ora ferida
Me vejo querendo-te mais
À minha sorte felicitando
Ao meu corpo reencontrando
Para os nossos olhos, em se encontrando,
Reflitam nosso amor que não morre 
E insiste numa estrada sem rumo
Com muros
Com fins e recomeços
E nossos beijos nos levam sempre
A nos deitar logo 
Nos pondo rápido em berço
Em ninho de amor
Porque somos isso
Uma sina de amor indizível
Em que seu cheiro é pra mim perfume raro
E seu toque é pra mim incomparável
E seu beijo, e seu abraço
São onde me perco e me acho
Porque do teu amor quero 
Me alimentar e respirar
O mais que puder
E der
E vier. 
Eu te amo
Muito mais que parece ser.


Gabriela

domingo, 22 de janeiro de 2017

Eu te dei o melhor que eu tive para dar


Eu te dei, amor
O que de melhor eu tive para dar
Dei a essência do meu amor
Meu perfume à nuca
Minha educação, dedicação
Intensidade à cama
Poesias de quem ama
E amei
Me entreguei inteira
Na minha nudez
De alma e corpo
E muito pouco deixei de dar
Não dei por teres me cortado
Os laços que me pus a reforçar
Eu te dei meus olhos em lágrimas
E minha boca molhada
Meus carinhos mais lindos
Depositados em teu corpo nu
Te neguei bem pouco
Mais por tão pouco eu ter tido tempo
Te dei esse imenso desejo
De ser consumida
Por tua fome
Eu te dei meu nome
Escrito a gozo intenso
E te dei meus soluços e gemidos
Te dei minha libido
Disposta e crua
Me entreguei nua
Aberta feito flor
Eu te dei, amor
O que de melhor eu tive para dar
Me despi de mim mesma
Muitas vezes
Para a ti poder amar
E te ter dentro de mim
E te ter carregado nas mãos
E nos olhos
E nas nádegas
No sexo exposto
Nos seios apontados
Nas costas suadas
Nos cabelos desalinhados
Na poesia toda que foi ser tua.

Gabriela

sábado, 21 de janeiro de 2017

Deixa


Deixa eu amar você um pouco mais
Deixa eu gastar as solas desse amor
Deixa eu caminhar e cansar
Do teu lado deixa eu descansar
E depois comigo faz amor
Volta pra mim mais tantas vezes
Nesta vida ou em outra que seja
Neste mundo ou onde for
Me dê o espelho do teu olhar
Pra que eu ajeite meus cabelos
Que você desalinhou
Deixa eu ter o teu cheiro perfumando
Após o banho compartilhado
Após o jantar jantado
Após o frio ou o calor
Deixa eu segurar tuas mãos e apertar
Deixa eu simplesmente imaginar
Que posso ao teu lado ser estrela
Brilhar sem fechar janelas
Deixa eu ser flor que sempre se rega
Deixa eu enfeitar seu trabalho
Suas viagens
Deita comigo um bocado
E faz amor
Faz amor sempre
Mesmo sem ser possível
Deixa eu eu gastar esse meu combustível
E comigo faz amor
E mais
E mais
Do jeito que eu gosto
No teu corpo eu me encosto
E já percebo um fervor
Deixa eu ficar um pouco mais
E na tua comida mateira
Deixa eu ser sabor

Gabriela

Boca encarnada


Tua boca encarnada
Aponta longe pelas estradas
Por onde percorro, desavisado
Vejo então teus lábios
Dançando em sorrisos soltos
E passo a os querer
Quero para os morder 
De vagarinho
Com carinho
Cuidando de você
Moça faceira 
Que finge não ser
E nem saber
Que aqui tem pouso sem erro
Vem cá e eu te beijo
Faço poesias até
Tua boca encarnada, 
Ah tua boca, mulher!
Imagino ela me escrevendo
Docemente alguns carinhos
Molhados, bem íntimos
E ecoando alto
Gemidos de amor
Ah moça faceira
Que me embeleza o olhar
Quero provar
Da tua boca o sabor.

Rômulo Andrade

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Lembranças dormidas


Sim, a saudade invade o quarto
E os espaços por onde existiu aqui
A saudade é fel
E engasga meu sossego
Vez e outra
Teu beijo
Vez e outra
Teu cheiro
É a lembrança triste
Dos dias que fui incompletamente completa
Nos teus braços
Sem regras
Eu era tudo ao alcançar o céu
A saudade, sim, a saudade
Ela é muito ainda presente
Nessa falta que faz você
Mas você não me machuca mais tanto assim
Tua passagem em meus caminhos
Parece então ir perdendo os rastros
Devagar, meio triste ainda
Mas decidida já
Vai tocando o fim
Tua passagem vai adiante
Seguindo o rumo que sempre quis
E agora as tuas lembranças
Tentam se acomodar nos móveis
Nas paredes
Nos azulejos
Na poesia
Elas meio bagunçadas 
Ainda fazem barulho muito
Na sala gritam teu nome
No quarto gozam de amor
Batem panelas na cozinha
Mas elas sabem que dormirão
Logo chega a noite
E elas dormirão
Serão delicadas então
E meu espírito enfim
Conseguirá deitar à cama
Sem o incômodo da saudade.
Elas dormirão
Eu descansarei.

Gabriela

Fibras e cordas


Hoje, amor
Eu deixo você partir
As lamentações todas já se puseram sobre a cama
Meu peito já doeu tanto
E tanto só chorei tua perda
E tanto só rasguei a alma em mil pedaços
Tanto só senti a saudade amarga
Do teu nome e tua voz
Do teu gosto e palavras
Mas tanto só também me refaço
E busco abrir meu mundo
Para um novo abraço
O que não seja o seu
O que não doa mais
Hoje, amor
Eu deixo minhas grades com você
Abandono a vontade implacável
De ser o que nunca fui
Na sua vida
O que nunca poderia ser
Meu corpo frágil ainda
Se pergunta por que não você
Onde você?
Onde aquele amor todo que me fez morrer
E viver, e morrer mais
O meu corpo abre as janelas
Que antes se fecharam a olhos outros
Que antes dedicaram os perfumes das flores só a ti
Hoje, amor
Minhas fibras conseguem ser mais fortes
Que tuas cordas
Que dentre meses tantos 
Me acorrentaram no teu amor intenso
No prazer imenso
No teu ser que sempre foi só teu
Teu amor foi vento
Ventania
Teu amor me deu ar suspenso
Me deu momentos 
De inexplicável Alegria
Indescritível sedução
Mas foi prisão
Dominação
Submissão
Agonia
E amor mesmo amor não comporta isso
Pode a dor, pode o conflito
Mas cordas não, cordas não
Hoje, amor
Eu deixo você ir levando minha paixão.

Gabriela