domingo, 8 de novembro de 2015

Amores desamores


Nenhum dos amores que se te afiguram
Se fazem de fato amor pra ti
Pois que amor não vai embora
De costume se demora
Ou promete algo feliz.
Mas enfim, criança,
Os amores que se te afiançam
Não se aliançam, não te querem
Nem sequer para algo simples
A cometer alguns deslizes,
Levar a passear, 
Fazer mostrar, causar rumores,
Esses amores te querem um tanto como beija-flor
Chegam bem rápido
E em voo célere
Vão-se a beijar por aí outras rosas 
Mais belas e mais dispostas
Sob promessas de eterno amor.
Só tu, criança,
Não tens o direito de te beberem o mel e ficar,
Só tu, criança, foste feita pra não se amar
Nem o corpo belo, nem os seios e cintura,
Foste feita, me parece, para aventuras
Sem mais nada que se afigure a apaixonar.
Os que tu queres vão-se todos,
Novos e antigos amores,
Fogem como caça, acuada,
Se escondem e nunca achas,
De forma alguma
Foste pensada para que te amem
Por ti e só por ti
Amor gostoso, de espírito e corpo
Amor enfim.


Rômulo Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário