quinta-feira, 18 de junho de 2020

A tua boca


eu conheci tua boca
e dela gostei
boca boa
de beijo bom
dela eu gostei

enveredei e encontrei tua língua
língua de agrado eu sorvi
saciei a sede
depois senti de novo a vontade
de não sair dela
da tua boca

num canto qualquer desses de fim de festa
você sabe
foi minha língua em cima
a te lambuzar
que levantou em baixo
a quentura da paixão
e se avistaria de longe se vissem

eu não liguei
você não ligou
nem ninguém mais
a única conversa a se ouvir não tinha verbo
língua com língua
molhada, chupada, cansada até
mais ainda não
para parar não

tínhamos um canto escuro
seguro
eu poderia enfiar a mão
você poderia gemer
e risos bobos de quem faz coisa errada saiam
mas não tinha erro nas línguas
elas se acertaram tanto

eu já estava íntima dela
em cima e em baixo
onde nascem os afluentes do mundo inteiro
onde o céu vira casa
e lábios gozam

eu conheci tua boca
e teu hálito
também tuas palavras
teus gemidos

Gabriela

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