sexta-feira, 22 de maio de 2015

Poesia não se nega


Desculpa atrever-me tanto
E me dirigir
Desculpa as vezes que fechei tuas janelas de sono
Desculpa ter-te impedido fechar os olhos
Mas creio eles terem ferchado há muito
Desculpa atrever-me e transgredir regras
Até mesmo minha conduta
A tua, a dela
É porque nos caminhos que andei, pisastes
E não tenho culpa da paisagem que encontro
E se me parece boa
Apenas agi no natural e não me dei conta
Que não me é permitido
Que não és de mim
Que não sou para além do que a vida me deixou ser
Até agora
E se pensei bobagens e se as cometi
E se disse coisas que deveria ter calado
Ou poetisei possibilidades que deveriam ter morrido
Não tenho culpa e tu também não
Foi só uma coisa
Talvez nunca mais a ser sentida
Talvez tenha sido curiosidade
E depois melancolia
Vontade
E depois arrpendimento e decepção
Talvez tudo, menos o que se pensou que seria
Talvez não seja mais
A bem das partes
Mas quem sabe
Quem sabe o caminho floresça
E dê flores?
Eu não sei.
Só sei que poesia não se nega,
Corpo se nega
Companhia se nega
Ou se apedreja com desprezo
Olhares se negam se se fecham
Mas poesia não
Ela é senhora
E o respeito é dela
Mesmo em altas horas
A janelas de sono abertas


Mas desculpa outra vez
Atrever-me tanto.

Gabriela


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