quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Eu sou tua, apesar de outras bocas


Sim, amor
Eu beijei outras bocas
Mas nenhuma me cativou
Não era teu gosto que eu sentia
Eu tive momentos
Furtivos, esguios
Com outros em que tropecei
Mas nenhum foi de olhar tão fundo
Quanto o teu
Nenhum, amor
Me fez flutuar
Nenhum perdurou sequer uma hora
Nessa memória que é tua
Eu fui tua 
Mesmo em outros braços
E em outras bocas
Eu fui tua, de graça
À toa
Eu jamais me libertei
Da sensação de não conseguir viver
A vida normalmente sem você
Eu bebi outros beijos
Mas nunca com tanta sede
Jamais tão duradouro
O copo era vazio
Ilusão, solidão
Calafrio
Por mais que negues
Sempre foi amor
Um amor que dominou
Todas as minhas resistências
Mas eu queria fugir
Me reconstruir
Daquela relação de emergência
Mas nunca consegui, enfim
Dar cabo a esse sentimento
Que pulverizava todos os meus dias
Eu te amei demais
E minha solidão só aumenta
Porque o caminho precisa ser assim
Limpo, aberto, sem empates.

Gabriela

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