domingo, 26 de julho de 2015

Minha pura impura carne



Pode parecer pura
Pode enganar o ingênuo
Pode fingir decência
Pode encobrir-se de sensatez
Pode negar-se
Pode guardar-se a finco
Pode tapar a nudez
Mas oh 
Minha carne é dessas que aspiram cortes
e suplicam impiedade
de amor e prazer
É dessas que solicitam
sulcos profundos que só bons amantes
abrem
Minha carne é dessas
que podem olvidar bem o passado
Tão logo o viva
Guardando por intervalos
algumas cicatrizes
Mas se logo passa o tempo
Enxertado de canções e outras facas
Apenas riscos desprezados
Me avisam dos cortes
Mas é...
Ela anseia sempre o presente 
E como tanto anseia!
Espera cheirosa e florida de rubor
À porta entrecostada
O presente e seus amores de surpresa
Desses que não precisam permissão
E é desses amores invasores
Que os cortes mais firmes se dão
Deixam das fendas abertas cantarem sumos
dessa carne que porventura se quis doce e pura
Mas ela é mais
É pecadora, assombrada com os desejos que cuida
Ela teme é nunca mais ser cortada
Outra vez por essas facas afiadas
Que fazem sangue
às vezes no peito
às vezes nos olhos que se derramam em pratos do não amar
Oh sim
Minha carne anseia por viver tilintar de faca e carne
por sobre a mesa de jantar
que  é como se vê a cama por nossos sexos opostos
dispostos a se cortar

Gabriela

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