domingo, 19 de julho de 2015

Para além da alcova


Não quero boca quieta
Mas beijos e um tanto de palavras
Deixo que sejam piegas
Não importa sejam erradas
Que me chames como queiras
Safada, puta, gostosa
Que me descomponhas as vestes
E me consumas inteira
Tal como a secura às rosas
Não quero mãos esperando
Me comprazo em apalpando
Bunda, pernas e costas
Não quero respiração de paz
Desejo sim furor tenaz
Dos ares e pulmões em ofegância
A romper o silêncio forjado
Para que os vizinhos ao lado
Nada ouçam nem invejem
Mais quero que sintam prazer
Também a nos perceber
Em plena cópula ruidosa
E que tu a mim converge
Não, eu não quero calar-me
E engolir o choro
Quero indecoro
Grunhidos, indecentes sussurros
Insulto aos que dormem
Rumorosos urros
Não à luz apagada
Quero notar tua pele ser parte da minha
E fitar teus olhos incertos
De modo me vejas em plena agonia
Não quero cama parada
Que nada, que nada
Que ela dance conosco
E se mova
Assim como exerce
A poesia na alcova
Que ecoa e perpassa paredes
Inspirada
Nesse encontro de coxas, unhas e dentes
Festinha de amantes
Que tempera a rua pacata
Assombrando viandantes
Que pisoteiam calçadas
Que importa!! Que importa!!
Se o amor é bom, nada se guarda.

Gabriela

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