terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Lembranças dormidas


Sim, a saudade invade o quarto
E os espaços por onde existiu aqui
A saudade é fel
E engasga meu sossego
Vez e outra
Teu beijo
Vez e outra
Teu cheiro
É a lembrança triste
Dos dias que fui incompletamente completa
Nos teus braços
Sem regras
Eu era tudo ao alcançar o céu
A saudade, sim, a saudade
Ela é muito ainda presente
Nessa falta que faz você
Mas você não me machuca mais tanto assim
Tua passagem em meus caminhos
Parece então ir perdendo os rastros
Devagar, meio triste ainda
Mas decidida já
Vai tocando o fim
Tua passagem vai adiante
Seguindo o rumo que sempre quis
E agora as tuas lembranças
Tentam se acomodar nos móveis
Nas paredes
Nos azulejos
Na poesia
Elas meio bagunçadas 
Ainda fazem barulho muito
Na sala gritam teu nome
No quarto gozam de amor
Batem panelas na cozinha
Mas elas sabem que dormirão
Logo chega a noite
E elas dormirão
Serão delicadas então
E meu espírito enfim
Conseguirá deitar à cama
Sem o incômodo da saudade.
Elas dormirão
Eu descansarei.

Gabriela

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