terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Fibras e cordas


Hoje, amor
Eu deixo você partir
As lamentações todas já se puseram sobre a cama
Meu peito já doeu tanto
E tanto só chorei tua perda
E tanto só rasguei a alma em mil pedaços
Tanto só senti a saudade amarga
Do teu nome e tua voz
Do teu gosto e palavras
Mas tanto só também me refaço
E busco abrir meu mundo
Para um novo abraço
O que não seja o seu
O que não doa mais
Hoje, amor
Eu deixo minhas grades com você
Abandono a vontade implacável
De ser o que nunca fui
Na sua vida
O que nunca poderia ser
Meu corpo frágil ainda
Se pergunta por que não você
Onde você?
Onde aquele amor todo que me fez morrer
E viver, e morrer mais
O meu corpo abre as janelas
Que antes se fecharam a olhos outros
Que antes dedicaram os perfumes das flores só a ti
Hoje, amor
Minhas fibras conseguem ser mais fortes
Que tuas cordas
Que dentre meses tantos 
Me acorrentaram no teu amor intenso
No prazer imenso
No teu ser que sempre foi só teu
Teu amor foi vento
Ventania
Teu amor me deu ar suspenso
Me deu momentos 
De inexplicável Alegria
Indescritível sedução
Mas foi prisão
Dominação
Submissão
Agonia
E amor mesmo amor não comporta isso
Pode a dor, pode o conflito
Mas cordas não, cordas não
Hoje, amor
Eu deixo você ir levando minha paixão.

Gabriela

Nenhum comentário:

Postar um comentário