Fui aventurar-me em paragens que não devia
Molhar a boca de desejo
Por doces que não teria
Tentar a sorte boa em paisagens de ilusão
Que se afiguraram num dobrar de pernas
E nelas eu teria todos os pormenores
De ser homem
Certeza que mataria a fome
E traria de volta para casa
A sensação de fato consumado
Como tal calculado e quisto.
Fui fazer-me dominador de regiões resguardadas
Onde leis imperam há séculos
E por mais curta seja a saia
Ainda mora o secreto
Avistando-se somente suas cores a cobrir
Apenas insinuações de se abrir
Mas qual o que
Abre-se nada, só assusta
Fecundando sonhos de fervor em mim
Sonhos que se aquietam
Desiludidos tantas vezes.
Mas bom mesmo seria
Se essas pernas pudesse explorar
A encontrar tesouros
Rios claros a brilhar nas roupas
Vindouros das fontes a mão afagadas
Bom seria se não mais dobradas
Mas nuas trêmulas ao final.
Rômulo Andrade
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