sábado, 1 de agosto de 2015

Porque trepar é histórico


Uns dizem que um dia
A serpente maliciosa
Atentou Adão e Eva
Para as delícias do amor
Em pleno paraíso
Dando-se a ela a maçã e o riso
Do encontro indevido
Que primeiro uniu os sexos
Nas sensações de frio e calor.
Depois disso também os primitivos
Amaram e foram livres
A um e outro se comia
Aos nossos olhos hoje orgia
Mas de fato amor natural
Pois mesmo um deus e um mortal
Em sua busca de se consumirem
Treparam e deram filhos
Deuses e semideuses,
Bons e maus, invencíveis
Ainda assim dominados do amor
Este sim sempre imperou
Pois que os reis mais bem ornados
Um dia se desnudaram
E treparam com suas donas
Fluíram por dentro de seus corpos
E cobriram
Por vezes amorosos
As suas apetitosas ancas
E galoparam insaciáveis não só
Nos desesperos das senhoras
Mas também em muitas horas
Nas que se davam mais ousadas,
Nas ancas da bem amadas
As suas bem fogosas damas.
Os mais dignos magistrados
Também foram felizes e treparam
Com umas, outras e tantas
Cheiraram as virilhas das escravas
Tiveram tempos com as legitimadas
Mas se cativavam pelas cortesãs
Foram em suas casas e contemplaram
Cantaram, beberam e dançaram
Aos som dos corpos e de suas camas.
Os mais promissores príncipes
Tantas vezes se serviram
Dos corpos das prostitutas
Foram antes nas defloradas
Para depois às comportadas
Unirem-se em matrimônio
Ficando o papel de boa amante
Para a vida vacilante
Das tão mal pagas putas.
O guerreiro corajoso
Também deleitou-se em gozo
De onde saiu e pra onde foi
Ora a castigar suas prometidas
A trancarem suas vaginas
Ao assalto delas mesmas
E de prováveis infiéis
Puseram cinto de castidade
Mataram, roubaram, escravizaram
Mas entre tudo sempre treparam
Sem para seus atos haver bedéis.
O mais recatado escravo
Um dia também houve amado
E possuiu a quem lhe amou
Houve de ter trepado
Ainda após o trabalho
Pois pra o amor ninguém se cansa
Sempre há fôlego pra quem ama
Noite e dia, seja o que for.
Houve padres bem rezados
Bem protegidos em celibato
Que por força de natureza
Mesmo dentro das igrejas
Por sua vez também treparam
Entre gemidos e confissões
Soavam sinos e suplícios
Beijos e orações.
Os hereges muitos queimaram
Mas eles também gozaram
Rasgando dogmas e virgindades
E em plena Cristandade
O povo pelas cidades
Procriava, pelas madrugadas
Se aliciava e alisava
Porque isso era bom.
Era bom também nos trópicos
Ainda mais, se duvidar!
A nudez de ingenuidade
Na hora do corpo se esvaía
Fazendo o amor puro do indígena
Pelas matas ainda virgens
E os rios que os banhavam.  
E nos grandes casarões
Em suas camarinhas escurecidas
Havia hora para a comida
Das inhás e dos inhôs
Com um crucifixo por sobre a cabeceira
E um santo a observar
Sob lençóis cobrindo as deixas
Iam-se os tais a trepar.
As donzelas quando se abriam
Suas flores todas se iam
Em fluxos de despudor
Se a regra não fosse aquela
Disso então dava-se querela
Pois que a ela se deflorou
E nessas trepadas todas
Batiam membros e cochas
E leis restringindo o amor
Ainda assim
O mais simples criado
Em suas noites houve trepado
Com meninas de sua casta
Houve levantado saias
E desonrado moças bem criadas
Inocentes e casadoiras
Houve bebericado beicinhos
E amassados peitinhos
Iniciando amadoras.
Por todo o tempo e humanidade
Houve todos enfim trepado
E houve todos enfim gostado
E proliferado até agora
Essa ânsia pela cópula
Ainda que recoberta a restrições
Homens e mulheres 
Enfim sempre eles querem
O pecado das maçãs.

Gabriela

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