quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Os corpos


Dano-me a observar estes corpos que passam
Vestidos, embrulhados 
Por estas esquinas compondo a cidade
Maravilho-me e me farto de imaginação
Pensando em como seria
Se a nudez povoasse
Se  nuas elas passassem
Cabelos ao vento e seios à mostra
Nádegas debatendo entre si
As questões do sol que lhe banha
Conversa feliz de bundas lindas
E meu olhar descendo pelas costas
Até chegar nelas, alegrinhas
A passear pela rua indiscreta
Nua rua
Nua também as meninas
Vaginas lisinhas a enfeitar como flores
A avivar meus ardores de observador
Como seria tudo isso?
Sem saliências secretas
Vendo esses anjos despidos
A incorporar pelas avenidas
Colorindo praças, lojas e padarias
Sem medo algum e sem pudor?
Dano-me a pensar nas pernas
Pernas cruas, pernas belas
De todo jeito a medirem os calçadões
Pernas de abraçar homem ao talo
Pernas que com elas me calo
A ficar apenas nas divagações.

Rômulo Andrade


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