quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Estado


Como um rio

Eu escorregaria devagar por entre tuas pedras,

Moldando todas elas

A meu bel prazer.

E prazer eu sentiria de doer,

De marcar de dentes

À noite e alvorecer.

Por entre meus afluentes

Me deixaria escorrer,

Acabando por desembocar

Em fluxos nunca dantes experimentados,

Em dedos nunca dantes dedilhados,

E de boca desembocaria em teu berço,

Como um rio, a correr.


Como um rio, a correr,

Eu esqueceria o mundo e as vertigens.

Esqueceria as virgens, os mentirosos,

Os vivos e os mortos.

Deixaria tudo para trás, como sedimento,

E só sentimento deixaria povoar-me,

Só os sons do corpo,

Só os sopros,

Só a carne.


Gabriela

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