segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O fluido e a flor


Escondida ela se mantém
Por detrás da renda preta,
Que enfiada nádegas adentro
Procura abrigo onde não se demorará.
Ora quietinha,
Ora sem vergonha,
Palpita e sonha a buceta,
Flor que mais cedo se derramará
Em fluidos sem despeito
No chão, nos lençóis,
Na mão, na boca, nos bigodes,
Nos móveis em que se deitar.
Ela vai... vermelha,
Beijando quem lhe tocar,
Os dedos molhados da dona
Ou os lábios famintos do invasor.
Ela vai sim, se encontrar em pronto delírio
E derramar seu branco líquido,
Prova do profundo desmaio de amor.
Alcançando o topo do desejado
Ficam a renda, as mãos ou os lábios
Brilhosos de tanto gozo.
E a flor fica sossegada, realizada,
Até despertar de novo.


Rômulo Andrade

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